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segunda-feira, 12 de março de 2012

O fracasso de Vieira - 7


Na rubrica de hoje de "O fracasso de Vieira", o foco incide sobre o verdadeiro culto de personalidade que vemos ser feito ao presidente. À imagem do que se passa mais a norte, também Vieira o tem.

O tempo de Luís Filipe Vieira à frente do Benfica já vai longo. São 2 anos de Director Desportivo do Futebol (2001-2003) mais 8 (9) anos de presidente (2003-2012). Ao longo deste tempo, foram muitas as dificuldades que teve de superar, mas não tantas como as que nunca se cansou de repetir. Foram ainda mais (muitos mais) os erros que se cometeram, alguns dos quais com graves repercussões nos destinos do clube.

Em sétimo lugar: O Sebastianismo

Luis Filipe Vieira é hoje visto como o salvador do Benfica pela esmagadora maioria dos sócios benfiquistas. É um facto (quase) indesmentível, que encontra suporte em vários factores, entre os quais o medo generalizado de vir "um aventureiro" para o seu lugar e o quase eclipse de "oposição" visível. É um fenómeno bem português, este de encontrar salvadores para os nossos problemas. Encontramos nestes individuos, todas as soluções milagrosas que necessitamos, ao invés de perdermos algum tempo na análise desses problemas e em possíveis soluções. A pouco e pouco, sem sequer nos apercebermos, vamos deixando de "pensar" acerca das coisas, sendo sempre o D. Sebastião a efectuar essa reflexão por nós. 
No Benfica actual, é inequivoco que Vieira é o D. Sebastião. Todo o discurso e propaganda que temos vindo a assistir nos últimos anos (e que felizmente se começa agora a dissipar), não é mais do que o passar a ideia de que sem Vieira, o Benfica simplesmente acaba. Qualquer alternativa que se apresente, nunca será vista como solução. Não só o presidente segue o seu rumo intocável, como aparentemente, quase nenhuma decisão é contestada (pelo menos sem ser no café). Podem argumentar que estou a ser muito injusto e que não querem um sistema à Sporting, onde "todos" mandam. Eu concordo perfeitamente que um modelo em que muitos têm o poder de decisão é mais propenso a declives e tensões internas, pois cada cabeça sua sentença. O truque está em saber balançar o nível de avaliação do topo da cadeia com a linha e rumo traçados por esse mesmo topo. Neste momento considero que estamos demasiado balanceados para a ditadura pura. Devido em grande parte ao Sebastianismo...

O maior impacto disto é novamente (tal como num dos focos anteriores) a gradual descida da exigência, quer de quem governa, quer de quem é governado. Não é um processo imediato, leva o seu tempo, mas é seguro que levará ainda mais tempo a rectificar. As consequências disto são também elas inevitáveis, tendo a ver com as decisões no topo da cadeia hierárquica e a sua (correcta) avaliação. Em meu entender, algumas más decisões (que ainda hoje se mantém) devem-se à falta de contraditório reinante. Como também já referi anteriormente, o rumo não é questionado, as decisões não são devidamente analisadas e o resultado é um (diria constante) repetir de erros.

Mais uma vez, bastaria seguir os principios do clube relativos à pluralidade (no seu verdadeiro sentido) para que muitas más decisões simplesmente não acontecessem (eu estimaria em 50% mais coisa, menos coisa). Desde más contratações devido a estratégias erróneas, a incorrectas apreciações de rumos a seguir e apoios a providenciar, quase tudo poderia ser melhorado. 
Com um certo nível de avaliação permanente, seria possível, em minha opinião, que os próprios dirigentes de topo, fizessem a sua auto-avaliação, de acordo coom o feedback que vão tendo. Se "só" ouvem coisas boas, é óbvio que não verão nenhum motivo para mudar ou alterar a postura.


2 comentários:

  1. Nao concordo em nada. Antes pelo contrario, Sebastianismo e nunca estar contente com o que se tem e dizer sempre que o que esta no nevoiro nos vai salvar. O grande problema portugues e nunca mas nunca dar valor ao que tem.

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    1. É um bom ponto que foca, do nunca estar contente com o que se tem. De facto, até posso aceitar o seu ponto de vista.
      Deixe-me no entanto tentar provar-lhe aquilo que escrevi acerca do Sebastianismo.

      Depois de João Vale e Azevedo, Vilarinho foi entendido como um herói. O herói que nos salvou das garras do monstro, do fundo do poço. Apesar de algumas decisões controversas (entre as quais, trazer Vieira para o Benfica) esse cunho de heroísmo foi-lhe sempre atribuido durante os três anos de presidência. Vieira levou isso a outro nível, conseguindo habilmente fazer passar a mensagem "das pedras da calçada", do abismo evitado (por ele e pelos seus é claro). Vilarinho desapareceu completamente das conversas. É até a Vieira atribuida a construção do estádio, quando este foi inaugurado na vigência de Vilarinho. Vieira é o "Eusébio dos presidentes", é o "nosso grande lider", etc. Apesar de desportivamente (e mesmo financeiramente) não sermos tão fortes como deveriamos, Vieira continua a ser o nosso D. Sebastião. O homem que vai resolver daqui para a frente o que não conseguiu resolver em 8 anos de presidência que já leva. É este seguidismo "cego" que eu chamo de Sebastianismo. A fé inabalável que a esmagadora maioria de nós (sócios) tem no presidente, que veio numa manhã de nevoeiro lutar com JVA e salvoou o clube do abismo (reparou como eu habilmente ignorei o nome de Vilarinho? É isso que fazem os que seguem cegamente).

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