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quinta-feira, 22 de março de 2012

O fracasso de Vieira - 5


A rubrica de hoje de "O fracasso de Vieira", centra-se na instabilidade governativa que já de há muitos anos a esta parte grassa no Benfica. Infelizmente, Luis Filipe Vieira não conseguiu inverter esta tendência a tempo.

O tempo de Luís Filipe Vieira à frente do Benfica já vai longo. São 2 anos de Director Desportivo do Futebol (2001-2003) mais 8 (9) anos de presidente (2003-2012). Ao longo deste tempo, foram muitas as dificuldades que teve de superar, mas não tantas como as que nunca se cansou de repetir. Foram ainda mais (muitos mais) os erros que se cometeram, alguns dos quais com graves repercussões nos destinos do clube.

Em quinto lugar: A Instabilidade Governativa

A instabilidade governativa no Benfica tem sido um dos grandes males do clube em anos recentes, com foco evidente nas decisões que se tomam ao sabor da maré. A incapacidade de conciliar os assuntos do clube com ambiçóes pessoais/profissionais, dos vários membros das várias direcções do clube, levou a que alguns deles, saissem incompatibilizados ao longo dos anos. Gerou-se o navegar à vista, ao sabor das marés vindas de quase todos os quadrantes, que proporcionaram enúmeros episódios rocambolescos, com alguns indivíduos a ganharem um protagonismo que não deviam nunca ter tido. Claro que este navegar à vista, levou imensas vezes a que quem se situa abaixo na estrutura (staff técnico, de suporte e plantel) fosse substituido sem razão aparente e/ou com grave prejuizo para o clube. As mudançãs anuais em treinadores, directores desportivos, directores de formação, jogadores, gestores, etc, não só geraram os famosos anos Zero ou novos ciclos (a cada nova época), como implicaram avultados investimentos na substituição de vários elementos da estrutura encarnada. 
Claro que muitas vezes, as pessoas contratadas e/ou eleitas não tinham, pura e simplesmente, qualidade para representar o Benfica. E aqui nada havia a fazer, senão a sua eventual  remoção do clube. Houve no entanto, muita gente capaz a ser trucidada por esta instabilidade. Dando exemplos, temos casos como o de Mário Dias (que saiu do Benfica após a conclusão do Estádio para tratar dos seus negócios em África), Trapattoni (que não foi possível segurar no comando técnico da equipa), António Carraça (que já é a segunda vez que trabalha no Benfica, tendo na primeira vez saído ingloriamente) ou José Veiga (que saiu por vontade própria devido a problemas judiciais e se transformou num acérrimo opositor do presidente).
São apenas alguns casos do bom e mau que passou pela Luz.

O grande impacto deste processo destrutivo é, para mim, a perda de mistica encarnada (não se pense que são apenas os jogadores que carregam a mesma) a que corresponde um desresponsabilizar dos elementos de topo, porque simplesmente as pessoas não ficam tempo suficiente nos lugares, para poderem receber e passar essa mistica. Outro dos impactos negativos é inabilidade completa de levar projectos até ao fim, com a consequente falta de resultados que isso acarreta. Muda-se tudo a cada novo ciclo, quando é já de senso comum, que um projecto necessita de algum tempo a dar resultados (mais ou menos consoante a capacidade de quem executa). O maior problema é a mudança radical a 180º.  Porque apesar de tudo o que é mal feito, existem sempre coisas bem feitas e que devem merecer continuação.
Isto leva, naturalmente, a que as pessoas que vêm trabalhar para o Benfica, se desliguem um pouco do clube à medida que os "empregos" se tornam cada vez mais temporários e voláteis. As decisões são quase sempre a pensar no imediato, muitas vezes sem se ponderarem as consequências graves que implicam, o que é compreensível face à necessidade de resultados imediatos. E com cada mudança sistemática, mesmo após resultados satisfatórios, vem a gradual redução de espectativas e exigência. É o que atravessamos neste momento, uma baixa histórica de espectativas e exigência (e contra mim falo às vezes). 

A solução para isto, passa não por mudar radicalmente, mas sim por melhorar gradualmente, o que não está bem (claro que eu gostaria que se mudasse tudo o que está mal imediatamente, mas compreendo que isso simplesmente não é possível). A mais valia inerente é a aprendizagem com os erros, que traz mais estabilidade (não na mediocridade) a quem governa, pois é para mim óbvio, que com os erros se aprende muito. Aparentemente, em algumas matérias ainda não errámos o suficiente para aprender. Isto não se faz em um mês ou num ano, mas após quase 9 anos e com múltiplos exemplos anteriores do que não fazer, considero que não estiveram à altura nesta matéria. Outra mais valia, é que não se perde o que de bom existe, melhora-se o mau. E assim crescemos.

Felizmente que este processo parece ter sido estancado (ou pelo menos amenizado) nos últimos dois anos, podendo eu esperar que nos próximos anos, consigamos ver alguns resultados positivos, de uma maior estabilidade governativa que temos. Neste caso, parece-me a mim, que as pessoas estão nos lugares certos e com competências e liberdade para executarem o seu trabalho. A menos que se regresse ao tempo dos novos ciclos (e os resultados desta época ditarão muito nessa matéria), podemos aspirar a lutar pelos títulos até final sempre. Neste ponto, acredito que começámos a resolver os nossos próprios problemas ao invés de escolher única e exclusivamente, atirar pedras sobre inimigos externos. Assim continuemos.


Índice:
Em décimo lugar: Mistura de Amizades pessoais com a Defesa do clube
Em nono lugar: Delapidação dos Valores do Clube
Em oitavo lugar: Introdução de Corpos estranhos ao Clube
Em sétimo lugar: O Sebastianismo
Em sexto lugar: O Descontrolo Financeiro

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