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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Análise ao R&C 2012/2013 - 1º Trimestre

Após analisar o Relatório e contas disponibilizado pelo Benfica no fim de semana, tenho a dizer que no geral estou agradado com uma mudança de política financeira. Pela primeira vez desde 2003, o passivo total do Grupo Benfica baixou e isso é o grande aspecto positivo a relevar. Não baixou tanto como eu gostaria, mas verifica-se uma inversão da escalada que se tem vindo a verificar nos últimos anos e só posso esperar que seja para continuar. Claro que estes resultados estão fortemente impulsionados por duas vendas, no caso Javi e Witsel, mas ainda assim é bom ver que, e ao contrário de outras ocasiões, o dinheiro recebido foi aplicado em parte onde deve ser.
Ficam em baixo alguns dados relevantes e uma notas que penso serem importantes.

  • Dados
  1. Resultado liquido: 24,2M€ (+60,8%)
  2. Resultado Operacional: 28,6M€ (+53,5%)
  3. Proveitos com atletas: 43,8M€ (+108,5%)
  4. Vendas de atletas: 63,6M€
  5. Compras de atletas: 18,1M€
 
  • Aspectos Positivos
- Redução de passivo e recuperação de Capitais próprios positivos.
- 10M€ em depósitos à ordem (dinheiro em caixa).
- Diminuição substancial do Factoring, de cerca de 37M€ para cerca de 20M€. Estes empréstimos "avançam" o recebimento de transferências de jogadores e são pagos em condições muito menos favoráveis que empréstimos normais.

  • Preocupações
- descida da receita da quotização em 12,1% (272 mil euros). Muitos sócios deixaram de ter condições para pagar as suas quotas.
- descida da receita dos cativos em 18,2% (100 mil euros). Reflectir o aumento do IVA na sua totalidade no preço final não foi uma boa política.
- A redução de custos com o pessoal é explicada pelo não pagamento de prémio relativo à passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões que foi feito na época passada após a eliminatória com o Twente. Apesar das saídas de Capdevila, Saviola, Witsel e Javi, o Benfica não reduziu significativamente a sua folha salarial. Como destaques, entraram Salvio e Lima, sendo os seus salários aparentemente altos.
- Custos e perdas financeiros com um crescimento de 12,3% para 5,6M€. Pagou-se mais 610 mil euros que na época passada. A contribuir para isto está à cabeça o empréstimo obrigacionista de 50M€ pedido em Dezembro de 2011.
- Existem 122,1M€ em Empréstimos obrigacionistas e emissão de papel comercial com maturidades entre Dezembro de 2012 e Janeiro de 2014, dos quais se prevê que 118,1M€ sejam renovados no decorrer de 2013. Renovações a custos superiores, com os consequentes aumentos na rubrica de custos financeiros. 
- As obrigações bancárias até 1 ano atingem cerca de 178,1M€ (incluindo a maior parte dos 122M€ anteriores). Quanta capacidade de redução teremos ao longo de 2012/2013? Não me parece que muita.

7 comentários:

  1. Boas Danilo,

    Aceitas uma troca de links?

    www.treinadoradjunto.wordpress.com

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    1. Caro Treinador Adjunto,

      Não leve a mal, mas neste espaço a publicidade é toda para o Benfica.
      O seu blog, que já está na minha lista de leitura, infelizmente não se enquadra naquilo que defini para este blog.

      Ainda assim, contará sempre com este leitor.

      Cumprimentos

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  2. Boa análise. Ainda não olhei grande coisa para o R&C mas só uma achega: vai haver aumento de taxas de juro, mas não me parece que de forma assim tão significativa. Por um lado o Benfica parece-me suficientemente estabilizado financeiramente para conseguir financiamento a curto/médio prazo a taxas suficientemente baixas, e por outro preve-se um decréscimo em geral do valor das taxas de juro aplicadas em novos/renovações de contratos. Se as taxas ao financiamento do Benfica a vencer dentro de pouco tempo estão a ~6% actualmente, duvido que subam de sobremaneira.

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    1. Caro Fenómeno,

      Claro que vão subir. Temos 178M€ de obrigações a vencerem no prazo de 1 ano, que irão ser quase todas renegociadas. Ainda para mais, depois da Troika "aconselhar" os bancos a limitarem a sua exposição às dividas dos clubes.
      O tempo em que se devia ter abatido passivo era em 2009 e 2010, quando ainda existia força para tal (e os custos financeiros ainda estavam em níveis limiares). Não se optou por essa via.

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  3. Ao contrário do que diz o Fenómeno, o Benfica não está a mostrar grande capacidade para refinanciar o seu passivo. Se por um lado a diminuição do factoring da Investec é um sinal positivo, pois custava cerca de 2 milhões/ano (com a redução a metade custará apenas 1), ao emitir novos Empréstimos obrigacionistas, se as taxas subirem 2 pontos percentuais (de 6 para 8), isso implicará mais 1,8 milhões de euros, sendo que essa subida é mais do que natural ( o Porto emitiu agora a 8,25%).

    Para mim a solução passaria, desde que os bancos assim aceitassem, pela integração dos 90 milhões no contrato do Estádio, alargando o prazo e eventualmente subindo 1 ponto percentual, mas que permitiria eliminar esses 90 milhões que actualmente custam cerca de 5,5 milhões/ano (a que se somam cerca de 2 milhões da Benfica estádio), e substituir por um financiamento de 160 milhões que teria custos a rondar os 6,4 milhões (uma poupança líquida de 1 milhão).

    Alternativamente e caso haja disponibilidade de tesouraria para tal, optaria por um abate de 10 milhões a cada um dos empréstimos obrigacionistas para compensar a subida das taxas de juro.

    Aqui a questão essencial, é perceber qual vai ser o caminho, continuar a abater passivo em detrimento do investimento na equipa, ou alternativamente, optar por um investimento cirúrgico com vista à conquista do título (vide Lucho na época passada)

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    1. Caro B Cool,

      Eu espero sinceramente que optemos pela redução gradual de passivo. Porque temos de nos livrar do peso incomportável dos custos com financiamento.

      Temos as nossas divergências acerca de qual é o justo valor para o passivo, mas parece-me que nesta matéria até estamos de acordo.

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    2. Boas pessoal

      Como já devem ter percebido por outras coisas que escrevi, eu sou claramente a favor do investimento cirúrgico, já que acho que seria extremamente importante ser campeão este ano!

      Acho difícil a integração dos 90 milhões no contrato do estádio, especialmente pelo facto de estarmos a falar do Millenium. Se bem que, por outro lado, permitir-lhes-ia obter taxas de juro globais melhores, pelo que, apesar de pouca, essa hipótese poderia ter alguma viabilidade.

      As taxas de juro estão, globalmente (e finalmente), a descer para as empresas. Mesmo as taxas de juro que as pessoas obtêm com rendimentos estão a descer, daí que ache possível renovar empréstimos obrigacionistas numa taxa até 7%. Uma das razões da procura dos EO da SAD do Porto, para além das taxas em geral estarem baixas, é que a "febre" das obrigações arrefeceu. Se pensássemos que estávamos a lutar contra obrigações da REN ou EDP não teríamos hipóteses, assim não acho descabido os 7% - claro que estamos a especular sem estar lá dentro :)

      Seria excelente baixar, como o B Cool diz, cada um dos empréstimos obrigacionistas, até porque acho que a maior dificuldade em obter uma taxa de juro mais baixa prende-se exactamente com o facto de terem um valor tão elevado.

      No que todos concordamos mesmo é que é necessário baixar o passivo oneroso. E, já agora, para desanuviar e pôr um pouco a taxa de juro em perspectiva: EUR3M(2008)+2% > EUR3M(2013)+6%.

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