Após analisar o Relatório e contas disponibilizado pelo Benfica no fim de semana, tenho a dizer que no geral estou agradado com uma mudança de política financeira. Pela primeira vez desde 2003, o passivo total do Grupo Benfica baixou e isso é o grande aspecto positivo a relevar. Não baixou tanto como eu gostaria, mas verifica-se uma inversão da escalada que se tem vindo a verificar nos últimos anos e só posso esperar que seja para continuar. Claro que estes resultados estão fortemente impulsionados por duas vendas, no caso Javi e Witsel, mas ainda assim é bom ver que, e ao contrário de outras ocasiões, o dinheiro recebido foi aplicado em parte onde deve ser.
Ficam em baixo alguns dados relevantes e uma notas que penso serem importantes.
- Dados
- Resultado liquido: 24,2M€ (+60,8%)
- Resultado Operacional: 28,6M€ (+53,5%)
- Proveitos com atletas: 43,8M€ (+108,5%)
- Vendas de atletas: 63,6M€
- Compras de atletas: 18,1M€
- Aspectos Positivos
- Redução de passivo e recuperação de Capitais próprios positivos.
- 10M€ em depósitos à ordem (dinheiro em caixa).
- Diminuição substancial do Factoring, de cerca de 37M€ para cerca de 20M€. Estes empréstimos "avançam" o recebimento de transferências de jogadores e são pagos em condições muito menos favoráveis que empréstimos normais.
- 10M€ em depósitos à ordem (dinheiro em caixa).
- Diminuição substancial do Factoring, de cerca de 37M€ para cerca de 20M€. Estes empréstimos "avançam" o recebimento de transferências de jogadores e são pagos em condições muito menos favoráveis que empréstimos normais.
- Preocupações
- descida da receita da quotização em 12,1% (272 mil euros). Muitos sócios deixaram de ter condições para pagar as suas quotas.
- descida da receita dos cativos em 18,2% (100 mil euros). Reflectir o aumento do IVA na sua totalidade no preço final não foi uma boa política.
- A redução de custos com o pessoal é explicada pelo não pagamento de prémio relativo à passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões que foi feito na época passada após a eliminatória com o Twente. Apesar das saídas de Capdevila, Saviola, Witsel e Javi, o Benfica não reduziu significativamente a sua folha salarial. Como destaques, entraram Salvio e Lima, sendo os seus salários aparentemente altos.
- Custos e perdas financeiros com um crescimento de 12,3% para 5,6M€. Pagou-se mais 610 mil euros que na época passada. A contribuir para isto está à cabeça o empréstimo obrigacionista de 50M€ pedido em Dezembro de 2011.
- Existem 122,1M€ em Empréstimos obrigacionistas e emissão de papel comercial com maturidades entre Dezembro de 2012 e Janeiro de 2014, dos quais se prevê que 118,1M€ sejam renovados no decorrer de 2013. Renovações a custos superiores, com os consequentes aumentos na rubrica de custos financeiros.
- descida da receita dos cativos em 18,2% (100 mil euros). Reflectir o aumento do IVA na sua totalidade no preço final não foi uma boa política.
- A redução de custos com o pessoal é explicada pelo não pagamento de prémio relativo à passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões que foi feito na época passada após a eliminatória com o Twente. Apesar das saídas de Capdevila, Saviola, Witsel e Javi, o Benfica não reduziu significativamente a sua folha salarial. Como destaques, entraram Salvio e Lima, sendo os seus salários aparentemente altos.
- Custos e perdas financeiros com um crescimento de 12,3% para 5,6M€. Pagou-se mais 610 mil euros que na época passada. A contribuir para isto está à cabeça o empréstimo obrigacionista de 50M€ pedido em Dezembro de 2011.
- Existem 122,1M€ em Empréstimos obrigacionistas e emissão de papel comercial com maturidades entre Dezembro de 2012 e Janeiro de 2014, dos quais se prevê que 118,1M€ sejam renovados no decorrer de 2013. Renovações a custos superiores, com os consequentes aumentos na rubrica de custos financeiros.
- As obrigações bancárias até 1 ano atingem cerca de 178,1M€ (incluindo a maior parte dos 122M€ anteriores). Quanta capacidade de redução teremos ao longo de 2012/2013? Não me parece que muita.
Boas Danilo,
ResponderEliminarAceitas uma troca de links?
www.treinadoradjunto.wordpress.com
Caro Treinador Adjunto,
EliminarNão leve a mal, mas neste espaço a publicidade é toda para o Benfica.
O seu blog, que já está na minha lista de leitura, infelizmente não se enquadra naquilo que defini para este blog.
Ainda assim, contará sempre com este leitor.
Cumprimentos
Boa análise. Ainda não olhei grande coisa para o R&C mas só uma achega: vai haver aumento de taxas de juro, mas não me parece que de forma assim tão significativa. Por um lado o Benfica parece-me suficientemente estabilizado financeiramente para conseguir financiamento a curto/médio prazo a taxas suficientemente baixas, e por outro preve-se um decréscimo em geral do valor das taxas de juro aplicadas em novos/renovações de contratos. Se as taxas ao financiamento do Benfica a vencer dentro de pouco tempo estão a ~6% actualmente, duvido que subam de sobremaneira.
ResponderEliminarCaro Fenómeno,
EliminarClaro que vão subir. Temos 178M€ de obrigações a vencerem no prazo de 1 ano, que irão ser quase todas renegociadas. Ainda para mais, depois da Troika "aconselhar" os bancos a limitarem a sua exposição às dividas dos clubes.
O tempo em que se devia ter abatido passivo era em 2009 e 2010, quando ainda existia força para tal (e os custos financeiros ainda estavam em níveis limiares). Não se optou por essa via.
Ao contrário do que diz o Fenómeno, o Benfica não está a mostrar grande capacidade para refinanciar o seu passivo. Se por um lado a diminuição do factoring da Investec é um sinal positivo, pois custava cerca de 2 milhões/ano (com a redução a metade custará apenas 1), ao emitir novos Empréstimos obrigacionistas, se as taxas subirem 2 pontos percentuais (de 6 para 8), isso implicará mais 1,8 milhões de euros, sendo que essa subida é mais do que natural ( o Porto emitiu agora a 8,25%).
ResponderEliminarPara mim a solução passaria, desde que os bancos assim aceitassem, pela integração dos 90 milhões no contrato do Estádio, alargando o prazo e eventualmente subindo 1 ponto percentual, mas que permitiria eliminar esses 90 milhões que actualmente custam cerca de 5,5 milhões/ano (a que se somam cerca de 2 milhões da Benfica estádio), e substituir por um financiamento de 160 milhões que teria custos a rondar os 6,4 milhões (uma poupança líquida de 1 milhão).
Alternativamente e caso haja disponibilidade de tesouraria para tal, optaria por um abate de 10 milhões a cada um dos empréstimos obrigacionistas para compensar a subida das taxas de juro.
Aqui a questão essencial, é perceber qual vai ser o caminho, continuar a abater passivo em detrimento do investimento na equipa, ou alternativamente, optar por um investimento cirúrgico com vista à conquista do título (vide Lucho na época passada)
Caro B Cool,
EliminarEu espero sinceramente que optemos pela redução gradual de passivo. Porque temos de nos livrar do peso incomportável dos custos com financiamento.
Temos as nossas divergências acerca de qual é o justo valor para o passivo, mas parece-me que nesta matéria até estamos de acordo.
Boas pessoal
EliminarComo já devem ter percebido por outras coisas que escrevi, eu sou claramente a favor do investimento cirúrgico, já que acho que seria extremamente importante ser campeão este ano!
Acho difícil a integração dos 90 milhões no contrato do estádio, especialmente pelo facto de estarmos a falar do Millenium. Se bem que, por outro lado, permitir-lhes-ia obter taxas de juro globais melhores, pelo que, apesar de pouca, essa hipótese poderia ter alguma viabilidade.
As taxas de juro estão, globalmente (e finalmente), a descer para as empresas. Mesmo as taxas de juro que as pessoas obtêm com rendimentos estão a descer, daí que ache possível renovar empréstimos obrigacionistas numa taxa até 7%. Uma das razões da procura dos EO da SAD do Porto, para além das taxas em geral estarem baixas, é que a "febre" das obrigações arrefeceu. Se pensássemos que estávamos a lutar contra obrigações da REN ou EDP não teríamos hipóteses, assim não acho descabido os 7% - claro que estamos a especular sem estar lá dentro :)
Seria excelente baixar, como o B Cool diz, cada um dos empréstimos obrigacionistas, até porque acho que a maior dificuldade em obter uma taxa de juro mais baixa prende-se exactamente com o facto de terem um valor tão elevado.
No que todos concordamos mesmo é que é necessário baixar o passivo oneroso. E, já agora, para desanuviar e pôr um pouco a taxa de juro em perspectiva: EUR3M(2008)+2% > EUR3M(2013)+6%.